Não é que eu tenha deixado de gostar dos
seus afagos. Eu continuo querendo-os. Continuo desejando-os desesperadamente.
Desconfio até que tenha sido por medo de não mais tê-los que adiei tanto esse
felizmente fim. Ou talvez não tenha sido só por eles. Talvez tenha sido pela
beleza da covinha que finca sua bochecha esquerda ou pela delícia das bobagens
que você diz. Quem sabe foi pela destreza com que você encontra minha coxa
enquanto dirige ou pelas notas altas em que você desafina cantando “Sex on
Fire” e “Chão de Giz”. Suspeito que sim.
Só sei que agora
nada disso importa. E
não importa, Meu Amor, porque nada me afaga mais do que o sossego. Descobri que não há carinho melhor no
mundo do que aquele que a paz me faz. E acredite: por mais que a solidão não
tenha a cara pintada com esses seus olhos castanho-ilusão, ela também não me
perturba o sono com crises de ciúme, inseguranças bobas nem com brigas em vão.
No começo eu até
via graça nas suas implicâncias. Eu ria das suas manias bobas porque sabe como
é: a cegueira é a prima crua da
paixão. Mas quando a euforia e o tesão passam, só a calmaria do
amor e da compreensão são capazes de manter a beleza de uma relação. E isso a
gente não tinha. A gente era só carnaval. Eu queria natal, ano novo e mansidão.
Eu lhe agradeço
pelos carinhos desperdiçados e lhe perdôo pelos gritos abafados. No fim foi tudo aprendizado. Driblei o mar revolto e descobri que
procuro uma lagoa na qual eu possa me banhar tranquilamente para que permaneçam
tranquilos e sãos a minha mente, as minhas mãos e meu coração. Descobri que o
amor deve ser a parte boa da vida. Se não é, talvez
seja só confusão.
~~ Eduarda Costa
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