quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Me avisa quando for a hora?

Eu vou te esperar aqui. Não sei por quanto tempo, se por um mês ou por um ano, mas eu vou esperar. E você pode ficar tranquilo, não precisa se preocupar, entenda que não vou deixar de viver esperando você, eu quero dizer que vou respeitar seu espaço agora, porém, vou ficar muito feliz se você me avisar quando for a hora para eu voltar.

Eu imagino como está sendo confuso para você. Cheguei assim tão sem querer. Em pouco tempo já te incluía nos meus planos sem saber se você gostaria, mas deixa eu te contar, esse sou eu. Não me leve a mal, minha intenção nunca foi te pressionar. Eu só queria encontrar mais motivos para te ver, queria poder conversar mais com você e te ouvir contar um pouco sobre o seu dia. Essas coisas, sabe? Entendo que nem sempre esse meu jeito faz bem, pois até quando a intenção é boa ela pode prejudicar. Já aconteceu comigo antes e até tentei mudar, mas eu nunca consegui e preferi desistir.
Eu vou ficar bem. Vai levar um tempo até que o tempo leve esse sentimento estranho em mim, mas no fim é aquilo que eu te falo sempre  vai dar tudo certo. Vou te deixar respirar e seguir sua vida sem a minha para te pressionar, ainda que fosse sem querer.

Esfria sua cabeça antes de me permitir aquecer seu coração. Eu tenho consciência de muita coisa que pode acontecer. O tempo pode se tornar inimigo e me levar para longe de você, te fazendo esquecer aqueles motivos que nos fizeram começar isso tudo que agora vemos acabar. Eu também posso mudar e não conseguir mais te ver como ainda te vejo. Posso me encantar por outro beijo e encontrar uma nova companhia para ocupar o vazio da sua. Essas coisas podem acontecer e eu sei bem.
Mas, por enquanto, eu quero te esperar. Quero te esperar pelo que conversamos tantas vezes e pelos sonhos que combinamos. E eu sei que posso sofrer mais do que imagino ao te dizer tudo isso, mas não consigo escolher outra opção. Minha cabeça não consegue falar mais alto que o meu coração. E hoje ele diz para eu te esperar um pouco antes de te tirar da minha vida. Vou me ocupar fazendo as coisas que fazia antes de te conhecer.

Por favor, não pensa que estou te pedindo para fazer algo. Sei que falando desse jeito pareço querer te prender comigo, sei lá, querer te obrigar a ficar comigo ou a voltar para mim, mas não é sobre isso. Estou falando que não consigo fazer outra coisa agora a não ser te esperar voltar, por mais que isso demore para acontecer, por mais que isso nunca aconteça de verdade. Sou eu quem te espera, não você quem deve voltar. Este é um peso que você pode se tranquilizar.
É que eu gostei do que vivemos até aqui. Eu te olhava com um sentimento bom. Sei que hoje você precisa desse tempo sozinho. Eu nem chamo de “um tempo para pensar” porque isso pode te obrigar a me dar alguma resposta. Você não precisa me responder nada. Muita coisa aconteceu até aqui e não sei como vai continuar.

O que eu sei é que hoje você não está pronto para me deixar entrar na sua vida, mas eu vou te esperar aqui e, por favor, se lembrar, me avisa quando for a hora? Eu tenho tanto para te contar. Se essa hora não chegar eu vou aceitar do mesmo jeito que aceitei a hora que você chegou.

~~ Márcio Rodrigues 

Carta para um coração partido...

Eu sei que dói. Acredite, eu sei. Já passei por isso mais vezes do que gostaria de ter passado, e não me iludo achando que não vai mais acontecer. Se você fizer silêncio dá até pra ouvir o barulhinho do coração rachando. Dói mesmo, e geralmente demora pra passar. Eu entendo. E quando começa a passar, a gente começa a se fechar, com medo de acontecer de novo. E a gente prefere se fechar do que correr o risco de novo. Aí a gente não se envolve, entra em relacionamentos que sabemos não ter futuro, afastamos pessoas com quem possamos vislumbrar uma vaga possibilidade de envolvimento.

Mas olha, vai por mim, não vale a pena se fechar. Todo mundo me pergunta porque eu continuo tentando depois de nove namoros. Sim, vou.  E você também deveria. Não se deixe abater. Dói mesmo, sei bem disso. Também já fui traído, enganado, deixado só. Já achei que só perdi tempo com alguém, ou que não deveria ter insistido. Já me arrependi de ter me envolvido e de não ter me envolvido. Já me arrependi de ter tentado demais e de ter tentado de menos. Já me arrependi de ter escrito e já me arrependi de não ter escrito.

Tem um ditado australiano que eu acabei de inventar que diz que ex é que nem camisa de banda de rock: cinco anos depois você olha uma foto e não sabe como um dia pôde gostar daquilo. Discordo em partes, eu tenho ex que eu entendo perfeitamente o que me fez amá-las, mas tenho algumas que eu não sei onde estava com a cabeça. Assim como alguém por aí deve pensar isso de mim. E de você também, não se iluda.


É normal. Mas sempre vale a pena. Sempre. Eu, por exemplo, tive nove namoradas, sempre em busca da paixão eterna. E a encontrei nove vezes. E vou continuar procurando. Porque cada segundo sendo amado vale mais que meses de coração partido. Porque pode parecer brega, piegas, mas o amor é a única resposta, e o que faz tudo valer a pena.

~~Léo Luz

domingo, 20 de setembro de 2015

O meu amor morreu e eu fiz questão que fosse assim...

Eu senti milhões de coisas por você. Amor, carinho, amizade, cuidado, raiva, dor, mágoa. Eu repeti pra mim mesma tantas vezes que não podia deixar você me destruir, e deixei você estragar cada coisa boa que eu via em mim mesma, cada lugar que eu gostava de ir e cada música que eu gostava de ouvir. Se eu era madura, inteligente, confiante e coerente, com você eu era só um corpo, completamente nu, sem o mínimo de lucidez, esperando pra ser moldado. O que eu fiz por você nenhuma pessoa sã faria. Eu esqueci tanto de mim, esmaguei o meu eu numa caixinha minúscula pra ser o que você queria, pra ter você por perto. Eu sabia que eu tinha perdido a minha lucidez, o meu senso crítico, o meu amor próprio.
E eu continuei.
Foi tudo tão cruel. Num dia a gente se tem pra tudo, no outro eu tô completamente sozinha. Num dia a gente se ama, no outro nem se fala. Num dia você me quer mais que tudo, no outro você quer tudo mais que a mim. Mas por tudo que a gente viveu junto, pelas coisas que eu senti e não sei colocar em palavras, por todas as vezes que a gente voltou um pro outro, eu quase acreditei.
Eu nunca entendi. Eu passei noites em claro me perguntando por que você faria uma coisa dessas. Por que qualquer pessoa faria uma coisa dessas? E como, meu Deus, como alguém conseguiria fazer uma coisa dessas? Eu ficava pensando como você fez pra fingir aquelas coisas, os momentos que só podiam ser reais, tinham que ser reais. Se aquilo não era real, o que é? Eu tenho medo, você me assusta.
Mas eu desisto de tentar entender, e só aceito. Eu não vou mudar você. Você não vai mudar. Se você é esse ser humano frio e vazio, se nada que eu fiz ou disse conseguiu tocar você nem mesmo na superfície, então você não vai mudar, nem hoje, nem daqui a mil anos.
Eu assisti ao meu amor morrer. Eu vi a sua morte em cada cantinho. Ele morreu quando eu fiquei chorando te pedindo pra ficar e você foi embora. Ele morreu quando você teve outra pessoa. Morreu quando você mentiu, quando você me traiu, quando você disse “eu te amo” e eu chorei porque eu não acreditava. Ele morreu ontem à noite enquanto eu morria também de dormir sozinha naquele quarto escuro porque eu só conseguia lembrar que a última vez que eu tinha estado ali você estava comigo e a gente se amou e se teve e foi tão forte e eu chorei, porque eu sempre choro. Ele morreu hoje quando eu assistia a uma série e o cara fez na moça o meu carinho preferido. Morreu. O meu amor morreu. Morreu tanto. Morreu um milhão de vezes. O meu amor morreu, porque não há amor que resista.

Por todas as vezes que você me fez gostar mais de mim e por todas as vezes que você me fez não gostar nada de mim, por todas as vezes que eu rezei pedindo pra não sentir, por todas as dores de cabeça do dia seguinte, por todas as lembranças boas, e pelas ruins, pelas vezes que fugimos e nos encontramos escondidos, por quando vimos o sol se pôr, pelos beijos que você dava pelo meu rosto na volta pra casa, por todas as mentiras que você contou e eu quis tanto acreditar. Pelo começo, pelo meio e pelo fim. O meu amor morreu e eu fiz questão que fosse assim. Porque eu mereço mais.

Ainda dói... Ainda é você...

E se eu disser que ainda são seus os meus domingos, os meus pensamentos, as minhas lingeries novas? Que ainda é sua a minha cama, a minha casa, os meus beijos matinais? E se eu te disser que você – só você – ainda pode entrar e pegar qualquer livro na estante sem que eu me aborreça?

E se eu te disser que nenhuma noitada vale um filme do teu lado? E que eu me deixo amar, me faço templo do prazer e, embora não me arrependa, eu gostaria do seu cheiro depois?

Quando a vida arranca alguém da gente – como me arrancou de você e vice-versa – anuncia-se um luto desesperado, agressivo, quase desumano. Ele vai passando como se nos aplicassem uma injeção calmante, e dando espaço a uma dor parcelada, que se arrasta e arrasta a gente junto.

E agora o que eu tenho aqui é uma saudade calma, melancólica, vagarosa, que vai me rasgando aos pouquinhos como que por prazer. Não tem choro desesperado – porque, afinal, não é isso a merda da maturidade? – só tem um vazio estranho do que não foi, do que a gente pensou que fosse, do que a gente merecia que fosse. Uma saudade lenta, quase uma cócega, que me afaga quase todas as vezes em que eu entro nesse quarto.

Isso não é sobre finais, ou sobre começos, ou sobre amores mal resolvidos ou sobre a porra da vida adulta.  Isso é sobre saudade. Essa coisa fria e cruel que nos acalanta e nos apunhala quase ao mesmo tempo. É sobre querer a tua voz ecoando macia nas nossas madrugadas, sobre o seu jeito apaixonante de fazer qualquer coisa nessa vida.

Isso é sobre as canções que a gente aprendeu juntos, sobre as piadas que a gente se conta com os olhos, as noites em que a gente se abraçava e se curava de qualquer mal que tivesse alcançado nosso dia.

É sobre os seus olhos inconfundíveis, é sobre a cerveja que a gente não terminou, os filmes que a gente não viu, as festas que a gente faltou.

Isso é sobre você, como tantas vezes foi.

É que por mais que eu já tenha aberto a porta pra tantos outros, ainda dói. Ainda é você.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

O meu amor eu deixo, esse sempre foi seu...

Então, estou indo. Devo deixar a chave no vizinho ou você não volta aqui? Deixei aquele cobertor quentinho que você adora. Espero mesmo que não, mas talvez você precise nas noites frias. Levei todos os livros porque eu sempre me apeguei mais com eles e porque talvez precise de companhia. Mas deixo as revistas e os porta-retratos – vazios, porque agora você preenche com quem quiser. Como a sua vida: estou te dando licença e todo o espaço do mundo pra você movimentá-la, combinado?

Das nossas taças, levei duas. As outras duas continuam suas, pra você e pra as suas visitas. Continue sendo um bom anfitrião. Prepare um vinho e um sorriso pois, de longe, eu vou brindar com você quando finalmente conseguir se sentir um pouco menos perdido. Quando eu me encontrar prometo te avisar também. Seu travesseiro está na cama. Dormi com ele esses dias, então talvez ainda haja um perfume doce que sai fácil com água e sabão. Seria bom se a gente pudesse lavar todos esses erros também, né? Mas parece que dessa vez eles impregnaram aqui.

E por aí? Tudo leve? Aparece quando puder, só pra eu saber que você está bem. Só não vai ficando, porque se você ficar mais, vai levar um pedaço de mim embora. Deixei teu tapete. Ele é tão seu, sabe? É justo que você fique com ele. Mas o bar – desculpe – levei. Você sabe que às vezes eu preciso demais, e eu vou precisar quando olhar pro lado esquerdo da cama vazio. Por falar em cama, estranhei a minha. Acostumei com a nossa. Acostumei com a gente. Que bosta, né? Estou mais amarga, não sei se porque caí em mim sobre nós ou porque tenho lido Buk demais. Tanto faz.


No mais, peguei minhas roupas, meus livros, minhas bebidas e minha tristeza e estou levando comigo. Espero que por aqui só fique o que for bom. Tudo ainda está meio bagunçado. Arrume a casa e arrume tua alma junto. Levei o CD dos Beatles, o copo da nossa última festa e aquela nossa foto no litoral. O meu amor eu deixo. Esse sempre foi seu.

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Já não sei, meu bem, quanto tempo faz que você se foi...

Hoje, meu bem, a casa está cheia da sua ausência. Parece que tudo aqui quer me lembrar de que você já não está mais. De que a felicidade já não está mais. De que os seus braços já não estão mais. De que o riso se calou, dando lugar a uma corredeira de lágrimas. De que a companhia se foi para que a solidão pudesse, enfim, reinar absoluta. De que o que era eu e você hoje sou só eu, assombrada pelos fantasmas que a sua outrora presença deixou em cada canto desse lar.
À mesa, ainda ponho dois pratos, muito embora um deles apenas sirva como sousplat para moscas e poeira. À pia, o restinho do nescau que você tomou na manhã da nossa despedida secou na sua caneca preferida. Na lista de favoritos da TV, os canais ainda são aqueles de esporte a que você, independente das circunstâncias, assistia. No parapeito da janela do quarto, ainda repousa o cinzeiro cheio das bitucas daquele cigarro fedido que você fumava para morrer aos pouquinhos.
Quanto aos lençóis, ainda não tive coragem de trocá-los. Neles ainda mora muito de nós. Em cada nódoa amarelada do nosso suor, em cada vinco que os nossos corpos faziam no tecido, em cada fio de cabelo nosso que ainda repousa no mesmo travesseiro. Sequer a cama eu arrumo, meu bem, pra não perder o formato que o seu corpo deixou no nosso colchão.
Nas noites em que a sua ausência dói mais, sorvo uma cerveja num gole só, que é pra anestesiar toda essa dor. Ligo a TV, que é pra driblar o silêncio ensurdecedor que você deixou. Tomo um banho gelado, que é pra lavar a alma e deixar todas as angústias irem ralo abaixo. Como ainda não inventaram um remédio para tanta dor, qualquer paliativo me serve. Nem que seja um entorpecente. Nem que seja um placebo. Nem que seja um veneno.
Já não sei, meu bem, quanto tempo faz que você se foi. Desde então, o calendário é uma eterna repetição de dias sem sol. Sábado e segunda-feira têm absolutamente o mesmo efeito sobre meu corpo. O relógio está parado num trânsito de angústias. Cada segundo é mais um murro na cara de uma lutadora já nocauteada e humilhada no octógono.
E muito embora eu sequer consiga mensurar tamanha dor, meu alívio mora em saber que, enquanto foi tempo, meu bem, eu não lhe poupei amor.

domingo, 13 de setembro de 2015

Olhar em todos os lugares e não encontrar quem eu quero é triste...

Cada segundo me sinto mais maduro e sinceramente, isso me assusta... Confesso que por vezes fico repensando sobre toda minha vida e me questiono se minhas atitudes são certas e cheguei a conclusão que já parti muitos corações na esperança de deixar o meu intacto.. e hoje a historia mudou, o mundo girou e sou eu agora catando meus cacos.. Nesses últimos dias aprendi que uma pessoa nova na sua vida merece no mínimo te mostrar que ela não tem culpa do teu passado.. Mas tranquilo.. Eu nem me quero mesmo, sabe? Cansei disso, há tempos falei sobre ser eu mesmo, mas talvez nem sabia quem mesmo eu era. Ou quem eu sou? Também nem me importa: A vontade de saltar e me preocupar aonde vou cair me incomoda, me deixa em mil estradas das quais nem sei para onde vão e também nem quero ir, sabe? Nem tenho o por que ir, ja que, quem me motivava ficou lá para trás, "e olhar em todos os lugares e não encontrar quem eu quero é triste."

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Ser forte é o melhor remédio...

Se o outro termina a relação, sentimos um misto de raiva, tristeza e agonia. Raiva por não terem notado nossa dedicação, por todas as vezes que cedemos em vão... Chega uma tristeza por não saber o que fazer com todo aquele sentimento que brotou no peito, feito erva daninha. Sentimos então a agonia que vem da nossa incapacidade de mudar este fato. Passamos então a acreditar que o “amor dói”...
O amor, em si, não dói.. o que dói é o orgulho, o sentimento de impotência que a falta de “controle” traz, a vaidade ferida... 


Todos pecamos pela vaidade, de uma forma ou de outra... E envaidecidos bradamos à plenos pulmões que “o tempo é o melhor remédio”...

Não!


“Ser forte é o melhor remédio”!
Ser forte não é fazer de conta que não dói, ou que foi algo sem importância. É aceitar que as pessoas não são perfeitas, que nós somos falhos e que podemos aprender com nossos erros. È saber que precisaremos de um tempo pra nós, afinal, feridas não cicatrizam da “noite para o dia”; que podemos chorar a perda sem nos vitimizar.
Ser forte não significa não sofrer ou não chorar, ser forte significa enfrentar nosso pior, sem precisar nos justificar..." 

Ás vezes não é dor, é só orgulho ferido...

O fim do amor nunca é fácil. Mas mais difícil que o ponto final no sentimento, é o ponto final no relacionamento. Não existe melhor entre “não te amo mais” e “te amo mas não quero continuar”. Todos doem, todos machucam, mas (acredite!) todos passam.
Mas há quem retire a aliança, o status no Facebook e as fotos dos porta-retratos mas siga com a mesma necessidade de controle. É aí que o suposto sentimento por quem um dia a gente amou começa a se confundir com o orgulho ferido de não estar no centro das atenções. É o primeiro passo para o sofrimento desnecessário. Quantas vezes foi puxar papo com um amigo dele pra, sem perguntar, tentar saber algo?
Quando foi a última vez que você saiu de casa sem pensar que ele pode estar naquele show – ou lembrar e verdadeiramente não se importar? Quantas vezes você entrou nas redes sociais do seu ex? Tem quem veja provocação numa foto com o novo amor. Quem veja indireta na palavra da quinta estrofe da música que o ex postou. Na selfie com a camiseta que compraram juntos. No restaurante repetido. Toda vez que você pensa “foi pra mim”, morre um pouco da mulher decidida que você vê no espelho e cresce o monstro da insegurança no seu peito.
Menina, ele não quer te atingir. Talvez esteja apenas vivendo com olhos para o futuro, como você deveria estar fazendo. O mundo dele não gira em torno de você – e provavelmente isso não acontecia nem quando vocês estavam juntos. O fim de um relacionamento não é crime perfeito. Sobram evidências que comprovam que a história aconteceu, mas não que ela precise continuar. As roupas não somem, os lugares não implodem, as pessoas não esquecem. E qual é o problema?

Talvez esteja na hora de engolir o orgulho, sair das redes sociais pra respirar a rua, encontrar com os amigos, ver outras pessoas. Hora de andar na rua, às 18h, e perceber que todo mundo que lota a calçada tem várias histórias de amor que não deram certo pra contar. Esquecer não é um processo fácil, mas é mais simples do que parece. A gente é que complica. Porque quando você conseguir desejar a felicidade do seu ex, de verdade, sem querer que ele lembre de você a todo instante, vai perceber que o mundo continua a girar. E que – ainda bem! – isso também acontece com você.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Foi te perdendo que me encontrei...

Quando você foi embora, deixei a porta aberta e não joguei fora as bagagens que você havia deixado. Para mim, as bagagens eram a garantia de que você voltaria, e deixar a porta aberta foi a forma que eu encontrei de te mostrar que eu o esperaria.
Quando você foi embora, colocou reticências na nossa história e me deu esperanças de que iria voltar, só precisava viver um pouco sem mim, conhecer o mundo, as pessoas, sentir novas coisas, sabores, encantos, amores. O novo sempre te atraiu. E aquilo doeu tanto, que mais parecia um soco no estômago. Como podia ser, doar-se tanto para alguém, fazer do outro o seu mundo, enche-lo de certezas e, ainda assim, ele preferir viver o desconhecido?
Quando você foi embora, deixou uma ferida no meu peito, e essa ferida permaneceu aberta durante bastante tempo. Foi horrível, achei que aquela dor nunca iria passar. Eu chorei, ah, como chorei, senti raiva até do mundo, gritei, me joguei no chão e não fiz nenhum esforço para me levantar. Foram dias falando de você para os meus amigos, dias deixando a tristeza me consumir, dias bebendo para te esquecer, dias me sentindo desprezível e não merecedora de você… Foram dias, dias e mais dias, tantos dias que acho que não sou capaz de somar todos eles.
E depois desses dias intermináveis, eu finalmente entendi que precisava levantar e seguir em frente, mesmo com aquela dor. Aos poucos a ferida que outrora existia no meu peito foi se fechando, cicatrizando. E olha só que ironia, nos momentos de fraquezas foi quando descobri que havia mais força dentro de mim do que eu podia imaginar. Aquele final foi, na verdade, o recomeço. O meu recomeço.
A tristeza é um sentimento complexo demais para ser descrita em palavras, mas acho que todos nós, em algum momento da vida, teremos que nos permitir senti-la. Há sempre algo para aprender com a dor, pode acreditar. Não fosse a dor que aqueles dias me causaram, eu não seria quem eu sou hoje, não apreciaria a minha própria companhia e continuaria pela busca incessante de achar sentimento, onde não existia.
Hoje, posso dizer que te perder, felizmente, fez com que eu me encontrasse. Foi quando me encontrei que eu entendi que o meu maior erro não foi ter te amado demais, e sim ter me amado de menos.
Quando me encontrei, resolvi trocar aquelas reticências que você tinha deixado na nossa história por um ponto final, porque eu já não queria continuidade naquilo. O que eu precisava mesmo era virar a página e começar a escrever sozinha a história da qual eu seria a personagem principal, independente de quem mais participaria dela.
Quando me encontrei, resolvi jogar suas bagagens fora, não havia espaço para elas na minha vida, as minhas já eram pesadas demais, tanto que nos últimos meses eu fiz questão de esvazia-las para poder encher de coisas novas.
A porta, que outrora estava aberta, eu tranquei. A partir de agora só entraria quem tivesse a chave, e eu só a entregaria a quem merecesse entrar, não só na minha vida, como no meu coração também.
Aprendi que ninguém é mercadoria para pertencer ao outro, tem que ficar ao nosso lado apenas quem quer e quem merece, se quer ir embora o que podemos fazer? Se você não foi motivo suficiente para que ele ficasse, então, acredite, ele também não é motivo suficiente para que você lute por ele.
Confesso que quando aquele relacionamento deu indícios de que estava chegando ao fim, eu lutei com unhas e dentes para tentar evitar o que eu já sabia que era inevitável. Queria te manter na minha vida, mesmo sendo aquilo um martírio diário para mim. Mas não me arrependo disso, porque as consequências que aquilo me causava eram justamente o que eu necessitava para entender que você era o que eu queria, mas não era o que eu precisava.
Quando você foi embora, descobri que havia muito o que viver lá fora. Descobri que a única responsável pela minha felicidade era eu mesma, e que eu nunca mais deveria permitir que ela dependesse de algo que eu pudesse perder. Descobri que os tombos que levamos na vida só servem para levantarmos duas vezes mais fortes. Sei que caí inúmeras vezes, e vou cair mais quantas vezes forem necessárias. Ao cair naquela vez em que você me deixou eu caí uma menina e me reergui uma mulher.
Aprendi muito, cresci muito, encontrei muita força nessa nova mulher que me tornei. E tudo isso depois que você foi embora. Porque só quando você foi embora que pude, enfim, encontrar a mim mesma

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

A gente pode até não saber o que quer, mas temos certeza do que não queremos...

Era como um sentimento que abusava, ditava e assombrava as vezes que me sentia um menino. Perdido, enfeitiçado e embriagado de tanta dor que só de lembrar, sabia as artimanhas que usava e mentiras que contava para disfarçar as cicatrizes presentes em cada canto escondido do coração. Se eu me punia? Parecia que sim, mas tirei lições preciosas daí.
Sabe aquele gosto de primeira vez, sensação de descoberta e olhar curioso, que pode até anunciar alguma tentativa, meio sem jeito eu sei, mas que no fundo te diz que tu precisas levar alguma de dentro de si para seguir adiante? É por aí que habitamos. Depois de socos, alguns nocautes e dizeres para o universo que cisma em nunca desistir da gente – e nem a gente dele – que degustamos o sabor do desconhecido.
Em meio a isso, estamos aqui apoiando nossos ombros com aquela eterna sensação de que vamos nos construindo e remexendo outras feridas, mas com um olhar mais maduro, sensato, sereno e direto para os velhos demônios, sinistros eu sei, mas que te moldaram e mostraram um lado seu que você nem sabia que existia. Esse lado com a armadura de um samurai chamada: maturidade.
Me diz aí, quantas lágrimas derramadas? Quantas cabeças cabisbaixas? Quantos dizeres adiados? Quantos sonhos sabotados? Quantas vidas sobrevividas? É, a gente nasce e morre todo dia da semana. E não é muito simples se reinventar, mas já dizia Tyler – de Clube da Luta -: “Apenas depois que você perder tudo é que você está livre para fazer qualquer coisa”.
Então, mantenha teu olhar guiado pela coragem, não como um animal treinado, mas como um ser que já vivenciou as malícias que a vida ensina. Desperta o desejo de estar vivo, em que a respiração anuncia sua plenitude com a certeza de que o sol estará lá no horizonte de quem o admira ao amanhecer. Essa energia que o mantém vivo, sendo incompleto, mas quieto, sendo calmo, mas atento, sendo racional, mas que saboreia o emocional, que perdoa com a mesma convicção de quem sabe que ama. E desama.
Eu sei, os baques machucam, a inocência se perde e ser sonhador, às vezes, não é boa ideia. Mas a consciência disso deixa as coisas com sabor e textura agradável de se degustar e incrível de se deliciar.
Porque a gente pode até não saber o que quer, mas temos certeza do que não queremos. E por ter essa certeza eu tenho o pé no chão, mente sã e alma de quem cisma em dizer: a vida é para quem ama.

~~ Jonas Sacamoto


No fim foi tudo aprendizado...

Não é que eu tenha deixado de gostar dos seus afagos. Eu continuo querendo-os. Continuo desejando-os desesperadamente. Desconfio até que tenha sido por medo de não mais tê-los que adiei tanto esse felizmente fim. Ou talvez não tenha sido só por eles. Talvez tenha sido pela beleza da covinha que finca sua bochecha esquerda ou pela delícia das bobagens que você diz. Quem sabe foi pela destreza com que você encontra minha coxa enquanto dirige ou pelas notas altas em que você desafina cantando “Sex on Fire” e “Chão de Giz”. Suspeito que sim.
Só sei que agora nada disso importa. E não importa, Meu Amor, porque nada me afaga mais do que o sossego. Descobri que não há carinho melhor no mundo do que aquele que a paz me faz. E acredite: por mais que a solidão não tenha a cara pintada com esses seus olhos castanho-ilusão, ela também não me perturba o sono com crises de ciúme, inseguranças bobas nem com brigas em vão.
No começo eu até via graça nas suas implicâncias. Eu ria das suas manias bobas porque sabe como é: a cegueira é a prima crua da paixão. Mas quando a euforia e o tesão passam, só a calmaria do amor e da compreensão são capazes de manter a beleza de uma relação. E isso a gente não tinha. A gente era só carnaval. Eu queria natal, ano novo e mansidão.

Eu lhe agradeço pelos carinhos desperdiçados e lhe perdôo pelos gritos abafados. No fim foi tudo aprendizado. Driblei o mar revolto e descobri que procuro uma lagoa na qual eu possa me banhar tranquilamente para que permaneçam tranquilos e sãos a minha mente, as minhas mãos e meu coração. Descobri que o amor deve ser a parte boa da vida. Se não é, talvez seja só confusão.

~~ Eduarda Costa

Amar sozinho é a pior forma de desamar a si mesmo...

Amar sozinho é o auge da resiliência. É se acostumar com a solidão por achar que a companhia do amor que sente é suficiente. Preferir sentir a frustração da falta de companhia do que a tristeza da partida do amor.
É ouvir as músicas que o outro ouve. Amar sozinho é não perceber que é exatamente no que você conhece e o outro não que está a riqueza da vida e que dizer “nunca ouvi falar” é uma deixa muito mais instigante para uma conversa. Mas quem ama sozinho não quer estar com o outro para trocar, quer ser o outro para viver. Se moldar sem perceber que molde e forma são diferentes e não iguais.
Quem ama sozinho tem tão pouco, que se apega à quase nada. Amar sozinho é transformar uma mensagem boba num motivo para acreditar, uma noite em declaração de amor. É ler e buscar entrelinhas onde elas não existem, esquecer o discurso e se preocupar em tentar achar nos pronomes escondidos um motivo para se sentir atingido por cada frase.
Criar uma expectativa que excede o bom senso e a sanidade. É saber como o outro vai executar cada movimento em direção ao beijo, mesmo sabendo que ele pode nunca mais acontecer. É sonhar com o tato da ponta dos dedos se arrastando pelo seu corpo e acordar com a frustração dormindo ao lado.
Quem ama sozinho prefere sempre o passado ou o futuro, e nunca o presente. Fica na estação parado vendo o trem passar e não aceita um novo destino nunca, porque pra quem deposita todas as suas esperanças no outro, ele é o caminho. O sonho não é andar lado a lado, é acompanhar o outro onde ele for.
Quando se ama sozinho, é fácil ver no outro a perfeição e fechar os olhos para possibilidades imperfeitas e reais. Porque amar sozinho é acreditar que só existe uma chance de ser feliz. É perder o bilhete da loteria sem saber se ele estava premiado e sofrer mesmo assim.

Amar sozinho é sentir a crueldade de um sentimento que só existe para a plenitude. Amar sozinho é a pior forma de desamar a si mesmo.