domingo, 15 de março de 2015

O amor é apenas um bem estar usado para coibir o que somos, quando só podemos ser, a sós.

Às vezes aparece alguém, alguém cujo as nossas teorias não parecem ser tão patéticas quanto são enquanto estamos a sós. Alguém que rir de defeitos complexos de forma tão despretensiosa, que eleva a vida a um patamar de felicidade indecifrável, nunca antes sorrido. Deve ser disso que são feitas as pessoas, mistérios ocultos compartilhados em segredos, aos poucos, para não intoxicar curiosidades ainda não descobertas... Somos tão lineares ao que sentimos... E talvez, o sentir, seja a forma mais breve de apossar-se do que deseja. Mesmo que pareça tão semelhante, não se repente... Estamos sempre em ambientes novos, outros apelidos, várias denominações para o mesmo sentimento. Nada que se tem, se tem por muito tempo, tudo deteriora-se sem a nossa interferência, às vezes, apenas um segundo já é o bastante, algumas coisas não precisam se repetir para serem exatamente iguais a todas as outras circunstâncias, passadas, a ferro e fogo...
Futuro que se cansa de andar à frente, para, regrede em uma leve ilusão de ótica, passa por nós, passamos... Passamos a outras conclusões... Lados opostos... Guerra travada silenciosamente em sinais tão óbvios... Fumaças que escrevem no ar declarações nunca lidas, solidão que dissolve-se em aspirais, cigarros que queimam a sós. Filmes, músicas... Frases... Compilação de objetos estragados pelo excesso de lembranças.
O amor é apenas um bem estar usado para coibir o que somos, quando só podemos ser, a sós... Assim que se acostuma com a dor, a psicose de estarmos vivos pairando sobre imensidões inexplicáveis torna-se suportável, evita-se o remédio que um dia tanto viciou...